Depois de criar um mundo em As Crônicas de Gelo e Fogo, George R. R. Martin resolveu interferir na nossa realidade. E o resultado é um novo conceito de super heróis.
Ao ler a sinopse, esperava encontrar um livro similar a Coração de Aço (ótimo livro de Brandon Sanderson, cuja crítica você encontra aqui), porém a realidade foi bem diferente da expectativa.
A história de Wild Cards começa em 1946, e conta a história da humanidade após um vírus alienígena ter sido lançado na Terra. O vírus, que ficou posteriormente conhecido como "Carta Selvagem", teve um efeito devastador na raça humana. Uma parcela da população morreu, outra parcela manteve-se imune, mas houve aqueles que acabaram recebendo poderes e/ou deformidades físicas. Os que receberam os poderes e mantiveram-se normais fisicamente, foram chamados de "ases"; já os que receberam poderes e, junto com eles, deformidades físicas (três olhos, chifres, tromba de elefante, e por aí vai), foram chamados de "coringas".
Os "ases" possuem, em sua maioria, poderes úteis (super velocidade, super força, voar, telecinese, etc), enquanto os "coringas" possuem poderes diversificados, que tanto podem benéficos (como telecine) quanto maléficos (como super fraqueza... qualquer contato físico deixa um hematoma). Os coringas ainda tinham o revés de sofrerem deformidades físicas, o que acabava por isola-los do resto da população.
Lendo a sinopse de fato parece um ótimo livro, esta temática de poderes... preconceito (os coringas sofrem muito preconceito por sua aparência) lembra até um "X-Men", porém o livro falha na parte principal... cativar o leitor.
O livro começa de forma promissora, e nos introduz Jetboy, o herói de guerra que tenta impedir o lançamento do vírus. Conforme a leitura avança no capítulo, vamos criando em nossas cabeças o perfil de Jetboy, mas quando mudamos para o capítulo 2... não tem mais Jetboy, e somos introduzidos a um novo personagem, Croyd. Quando mudamos para o capítulo 3... não tem mais Croyd, e somos introduzidos a um novo personagem, e assim por diante até o final do livro. Ou seja, cada capítulo é uma história à parte, e cada uma possui um personagem diferente (podemos dizer que similar à Sin City).
Quem gosta de livros sem uma trama única provavelmente irá gostar de Wild Cards, pois ele não segue o padrão de "começo, meio e fim" (que diga-se de passagem, não possui um fim), já que cada capítulo possui uma história apartada (no mesmo mundo abalado pelo vírus, mas ainda assim uma história única). Outra fator que atrapalha é a inconsistência do livro, pois existem capítulos muito bons (como Powers), e outros muito... muito ruins (como A Noite Longa e Obscura de Fortunato), e aí você pensa... "como isso é possível?" Pois é, a questão é que o livro não é escrito por George R. R. Martin, e sim editado por ele.
George R. R. Martin escreveu somente um dos capítulos do livro, os demais foram escritos por amigos dele (cada capítulo possui um escritor diferente). Martin ficou a cargo de compilar estas histórias e condensá-las em um livro único. O resultado é o que já dissemos acima, um livro que falha em cativar o leitor, pois como cada capítulo apresenta um personagem diferente, fica difícil se apegar à qualquer um deles.
Wild Cards não é um livro sobre super-heróis como diz na contracapa, fica claro que ele foca muito mais nos "coringas" do que nos "ases". No final, é daqueles livros que ou você gosta ou você não gosta, não existe meio termo. E nós... bem, não gostamos.
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