Skyward

Brandon Sanderson é considerado, atualmente, um dos melhores escritores de fantasia (se não o melhor), e até hoje seus livros sempre ratificam esta afirmação (aliás, caso não tenha lido nossa crítica sobre a primeira era de Mistborn, não deixe de conferir aqui). Em Skyward, Sanderson deixa a habitual fantasia de lado, e foca na ficção científica. Será que o autor foi bem nessa nova empreitada? Você confere logo abaixo.

Sabe aquele ditado que diz que nunca devemos julgar um livro pela capa? Pois é, em Skyward isto se torna extremamente difícil, pois este livro tem facilmente uma das capas mais belas lançadas no ano. É sem dúvida a melhor dentre todos os livros de Sanderson. Ok... primeiro julgamento: positivo; agora vamos para o segundo... o conteúdo.

Como dissemos no início, Skyward é bem diferente dos outros livros do autor, pois ele não segue a mesma linha de fantasia que já estamos habituados, ao invés, ele segue uma linha mais sci-fi. Logo de cara é possível notar a ausência de um sistema de magia, e que dá aquela sensação de "tem algo faltando nesta história", mas tente não se apegar muito aos demais livros do autor como base de comparação, e confie na "magia" da escrita de Sanderson.

A trama gira em torno de Spensa (mais conhecida como "Spin"), uma jovem cujo sonho é seguir os passos de seu pai como piloto da FDD (Força Defensiva Desafiadora), e limpar o nome dele que foi manchado após um ato de covardia durante a batalha de Alta (algo semelhante à uma 1ª Guerra Galáctica), fato este que Spin nunca aceitou. O livro tem quase todos os ingredientes certeiros: personagens tão bem descritos que parecem reais, uma trama bem amarrada, e uma sensação de imersão que te coloca dentro do livro durante a leitura.

A história de Spin remete muito à história do próprio autor (e confesso que não sei se foi intencional), pois no início da carreira como escritor, Sanderson escreveu diversos livros (mais de 10) e sempre ouvia recusas das editoras, mas nunca desistiu do sonho, e depois de muita persistência chegou ao patamar que está hoje. Spin é parecida com ele, pois mesmo sob os olhares críticos de sua comunidade (devido o "legado" de seu pai), ela não desiste de seu sonho e persiste nele.

"Bravura não tem relação com o jeito como as pessoas chamam você, Spensa. É sobre quem você sabe ser".
pag. 326

Como de costume, o autor cria um grupo de companheiros para Spensa com o mesmo "espírito de equipe" que já vimos em outros livros. Cada membro da equipe possui características únicas (Jorgen com seu ar arrogante, Kimmalyn com seu jeito tímido, FM com seu estilo "badass") e agregam à história de modo geral. A dinâmica de Spin e seus companheiros é tão bem detalhada no livro, que a sensação é que você também está em um cockpit treinando com eles.

Porém, de todos os livros do autor, acredito que Skyward seja o mais fraco deles. Veja bem, este livro é ótimo, mas como Sanderson possui um nível muito alto de qualidade, mesmo um livro "fraco" seu continua sendo ótimo. O livro possui um bom começo, e um final espetacular de tirar o fôlego, porém o meio do livro... dá sono. O autor "estica" demais a história, e o meio do livro se resume à "treinar / se defender dos inimigos (os Krell)", o que torna a leitura bastante cansativa.

Por não ter "magia" no livro, Sanderson inclui uma nave com Inteligência Artificial (o querido M-Bot) que rouba a cena sempre que aparece (ele lembra o robô do Cooper no filme Interestelar), o único problema é que o autor subutilizou o personagem, que poderia ter sido mais utilizado ao longo da história.

Agora... o final do livro é realmente épico! Não entrarei em detalhes para não correr o risco de soltar spoilers, porém todo o ritmo morno do livro muda completamente no final, que se torna tenso a cada página. O final contém (algo que adoro nos livros de Sanderson) aquela plot-twist que deixa todo mundo de queixo caído.

Conclusão, não é um dos melhores trabalhos de Brandon Sanderson, mas ainda assim um livro muito bom e que vale a leitura.