Trilogia Mistborn - 1ª Era



Existem os autores que focam nos personagens e esquecem da trama, existem os autores que focam na trama e esquecem dos personagens, existem os autores que focam nos personagens e na trama, e existe Brandon Sanderson. Você pode achar que é exagero, mas não é, pois Sanderson consegue criar personagens de forma tão detalhada, que ao final da leitura você irá conhece-los como se fosse alguém da sua família. Da mesma forma, Sanderson conduz a narrativa (aqui, na terceira pessoa) de forma brilhante, pois alterna momentos mais "lentos" (momentos estes em que aproveita para desenvolver os personagens) com momentos de ação muito bem escritos, de tal forma que a sensação é a de estar assistindo um filme.

Mistborn segue a já conhecida fórmula do "bem contra o mal", e vemos ao longo do primeiro livro, o bando de mocinhos (formado e liderado por Kelsier) arquitetando seu plano para atacar o grande vilão (o temido Senhor Soberano). Logo no começo do livro, quando Kelsier convoca uma reunião em uma taverna, é um tanto instintivo lembrar da cena de O Hobbit quando os anões invadem a casa de Bilbo e começam a beber e rir, pouco antes de falarem sobre o plano. Com isso, já criamos em nossa mente cenários e vestimentas semelhantes ao visto nos filmes de O Senhor dos Anéis.

Cada livro seguinte traz os acontecimentos resultantes do anterior, sendo que tudo prepara o terreno para a grande batalha pelo Império Final, no terceiro livro. Interessante citar que os três possuem plot twists (marca registrada de Sanderson), então prepare-se para ficar de queixo caído em certos momentos. 

A trama da trilogia como um todo gira em torno de três personagens: Kelsier, idealista e líder do grupo, foi quem iniciou a revolução no Império Final e é o protagonista do livro 1; Vin, que é recrutada e treinada por Kelsier no primeiro livro, torna-se a principal personagem do segundo e terceiro livro; e Elend, que apesar de ter pouca importância no livro 1, torna-se vital para o segundo e terceiro.

A construção dos personagens é rica em detalhes (e ao mesmo tempo, sem ser maçante) e te permite imaginar os personagens de forma quase "palpável", como se estivessem na sua frente, te dando a sensação que você está lá fazendo parte do bando de Kelsier. 

Além da trama bem costurada, Sanderson cria em Mistborn um sistema de magias um tanto interessante (e bastante original), onde os alomânticos (pessoas que possuem uma habilidade especial) necessitam engolir certos tipos de metais (ouro, aço, ferro, alumínio, etc) para ativar um determinado poder (que pode ser ou super força, ou super velocidade, ou empurrar metais, e por aí vai). Cada alomântico só tem acesso a um único tipo de poder, sendo que o metal é o seu combustível, e que vai se esgotando conforme o poder é utilizado (é possível imaginar uma barrinha verdade marcando o consumo do poder, que só é recarregado com a ingestão do respectivo metal):


E existem ainda raras pessoas conhecidas como Nascidos da Bruma, que são como um "super alomântico", pois possuem acesso a todos os poderes (claro, engolindo o metal que for necessário para tal), que é o caso do nosso protagonista Kelsier.

Como nem tudo são flores, precisamos ser justos e falar... Sanderson poderia ter sido mais conciso e ir mais "direto ao ponto" em alguns momentos. O terceiro livro, com suas 671 páginas, nos dá a sensação em certos momentos de que o autor "encheu linguiça" para aumentar a quantidade de páginas. Já o primeiro livro, que é o melhor da trilogia, tem coincidentemente 604 páginas (67 a menos). Um outro ponto negativo vai para o personagem Elend. Enquanto Kelsier conquista o leitor com seu carisma e idealismo, Elend irrita com sua falta de firmeza, com suas dúvidas internas, fazendo-o parecer uma criança no meio dos adultos.

De modo geral, Sanderson nos entrega uma obra de altíssima qualidade, criando personagens quase "paupáveis", com uma trama bem costurada, e um sistema de magia extremamente inovador. Não é perfeito, mas faz por merecer as 4 estrelas do Crítica Geek.





*Foto: Crítica Geek


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