Pode ser difícil admitir... mas vivemos em uma época onde a sétima arte brasileira está em forte decadência. Hoje dá-se mais valor à produções com pouco conteúdo e forte apelo sensual, e deixa-se de lado as produções verdadeiramente artísticas. É cada vez mais raro encontrar algo que "preste" entre nossas produções de cinema, televisão ou música, porém... nas produções literárias ainda é possível encontrar bastante conteúdo de qualidade, e é aí que entra O Espadachim de Carvão.
Em O Espadachim de Carvão, o autor brasileiro Affonso Solano nos conta a história de Adapak, um jovem espadachim cuja pele possui um tom cinza escuro, semelhante ao carvão (daí o nome do livro), e que está sendo perseguido por criaturas que desejam tirar-lhe a vida. Sem entender o porquê (Ikibu), Adapak sai em fuga. Como o livro começa já no meio da história (durante a leitura vamos descobrindo como o personagem chegou onde chegou), qualquer detalhe maior vai estragar as surpresas.
É interessante notar como Solano criou um mundo próprio (chamado Kurgala) com tamanha riqueza de detalhes. Kurgala é um planeta "vivo", povoado por diversas espécies (cada uma com suas próprias características, cada uma com seu próprio deus), e com localizações bem distintas uma das outras. Apesar de ter exagerado na dose (e muito) no que tange à quantidade de espécies (é tanta espécie... uma com o nome mais complicado que a outra, que você até se perde na fisionomia de cada uma delas), o autor ainda tem muitos méritos por criar um mundo tão rico e original. Senti falta, porém, de um mapa geográfico de Kurgala.
Por ser um livro curto (tem só 256 páginas), a trama não enrola muito e vai direto ao ponto (se estivéssemos falando de um seriado, podemos dizer que O Espadachim de Carvão não possui episódio "filler"), o que torna a leitura prazerosa e te deixa instigado em ler o próximo capítulo. Quando um livro te prende de curiosidade pra saber como irá acabar (que é o caso deste), já sabemos que trata-se de um bom livro. O livro não possui uma sequência de tempo linear, ele praticamente intercala um capítulo no presente e outro no passado para explicar como o personagem chegou na situação em que se encontra; o legal disso tudo é que permite ao autor inserir pequenos "plot twists" no meio da trama, que provavelmente irão te pegar de surpresa (o que sempre acho ótimo).
Espadachim de Carvão é um ótimo exemplo de como ainda podemos encontrar material de qualidade na literatura brasileira, e definitivamente vale a leitura!
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