Star Wars - A Ascensão Skywalker

Eis que a saga Skywalker finalmente chega ao fim... ou, pelo menos, chega ao fim nas telonas (pois provavelmente o nome Skywalker não será esquecido tão cedo nos jogos, livros e HQs que ainda virão pela frente), e a pergunta que todos estão fazendo é: A Ascensão Skywalker  consegue encerrar a trilogia com chave de ouro, ou ao menos "consertar" os erros do filme anterior? A resposta é... bem, na verdade ela é mais complexa do que aparenta.

Antes de iniciar a leitura, é importante citar que esta crítica conterá spoilers dos dois primeiros filmes da nova trilogia, e poderá conter alguma "indireta" sobre A Ascensão Skywalker  (é uma tarefa quase impossível criticar o filme sem explicar certas decisões dos diretores).

Se aprendemos algo com os três filmes desta nova trilogia, é que um dos maiores erros da LucasFilm foi não ter uma figura como Kevin Feige supervisionando todos os filmes. Enquanto na Marvel os filmes se conectam de forma harmoniosa (graças ao trabalho de Feige), os filmes desta nova trilogia de Star Wars apontam cada um para um lado diferente. Ou seja, não existe uma coesão bem definida entre os filmes, e o motivo é que cada filme foi escrito de forma individual. J.J. Abrams abriu a trilogia e escreveu/dirigiu O Despertar da Força  focando no mistério da origem de Rey e Snoke como o novo Sith/vilão. Na sequência, o bastão foi entregue à Rian Johnson, que escreveu/dirigiu Os Últimos Jedi optando por matar Snoke e também "matar" a origem de Rey (ao dar pais comuns à ela). E agora em A Ascensão Skywalker, J.J Abrams tenta apagar os erros de Rian (que não foram poucos), e ao mesmo tempo ligar os três filmes. O esforço do cineasta para (tentar) amarrar os filmes é visível, resultando em um filme, como as pessoas costumam dizer, "forçado".

Star Wars surgiu em 1977, e desde então teve seu universo expandido através de livros, HQs, séries animadas, jogos... tudo estabelecendo uma linha temporal, construindo personagens, definindo conceitos. Tudo isso gerou uma verdadeira legião de fãs pelo mundo todo, e ao dar uma "tela em branco" para cada diretor fazer cada filme da forma que quisesse (inclusive com a liberdade de mudar personagens já estabelecidos), a Lucasfilm ignorou tudo que ela já havia criado, e principalmente... ignorou os fãs. Ou seja, esta demasiada liberdade criativa (dada à J.J Abrams e Rian Johnson) foi um tiro no pé por todos os ângulos possíveis.

Falando especificamente do terceiro filme, um outro ponto que contribuiu negativamente foi o uso de cenas "recicladas" do Episódio VII, gravadas com Carrie Fisher, para permitir a inclusão da General Leia na história, e dar a ela um desfecho digno. O co-roteirista Chris Terrio disse em entrevista ao site The Wrap: "Tínhamos todo aquele material e percebemos que, se escrevêssemos cenas ao redor dele, ela poderia interagir com os personagens. Ela poderia realmente estar no filme de um modo significativo". A idéia é boa e foi feita com a melhor das intenções, mas infelizmente o resultado fica muito aquém do esperado. Tirando a parte inicial (sua conversa com Rey, dando início à trama do filme), todas as outras cenas ficaram desconexas, parecendo até que na edição foi feito um "Ctrl X" (nos trechos dela) e "Ctrl V" em partes aleatórias do filme.

Outra coisa que não pode passar batido são algumas incoerências no filme se comparados ao, já estabelecido, universo de Star Wars. Nos filmes anteriores, em séries (como Rebels), em livros... é deixado claro que viagem na velocidade da luz só deve ser ativada após os cálculos necessários. Han Solo inclusive disse em A Nova Esperança: "Viajar pelo hiperespaço não é que nem passear pelo parquinho não, garoto, sem precisão a gente pode se chocar com uma estrela, chegar perto demais de uma supernova, terminando com a nossa viagem bem mais cedo". Aí vem Poe Dameron e utiliza 3, 4 vezes de forma seguida, sem cálculo nenhum, e tudo bem? Pode parecer bobagem criticar um conceito ficcional, mas se ele existe no universo construído ao longo dos anos, por que não segui-lo no filme?

Apesar de possuir defeitos, A Ascensão Skywalker  ainda é superior ao Os Últimos Jedi, sendo em parte impulsionado pelo "fan service" ao longo do filme, e em parte por (ao menos tentar) corrigir os erros do anterior. Um dos grande pontos positivos do filme é o desfecho dado a Kylo Ren, que inclusive acabou se tornando o personagem com o melhor desenvolvimento em toda a trilogia (só não sei se de forma proposital). Outro ponto acertado foi que, finalmente, o trio Rey/Poe/Finn tiveram uma aventura juntos. Desta vez, os heróis estão juntos visitando planetas, aventurando-se em cavernas, desvendando mistérios, e toda essa parte que preenche o "meio" do filme lembra bastante a trilogia original. Infelizmente a química do novo trio não chega perto ao que tínhamos no trio original (Luke/Leia/Han), mas já é alguma coisa. Deixo claro que não é saudosismo, é apenas um fato; assista a trilogia original e repare... o carisma daquele trio é sem comparações.

Entre prós e contras, o filme acaba tendo um final um tanto... enfadonho. J. J. Abrams tentou ao máximo imitar o final de Vingadores: Ultimato  (isso fica muito evidente), porém enquanto no filme da Marvel existe uma coesão nas várias batalhas simultâneas, aqui em A Ascensão Skywalker  o que existe é um excesso de personagens sem importância pra trama, lutando, atirando, cavalgando em cima de uma nave imperial (oi?), explosões... e tudo isso passa uma sensação de que estão esticando o filme só pra deixar ele mais "longo". Essa sensação é repetida no confronto final entre Rey e Palpatine, que parece aqueles filmes clichês onde o vilão explica seu plano para o herói (neste caso, heroína). Pra piorar, a fotografia na batalha final é péssima. Optaram por uma tonalidade escura, com raios (de trovões) constantes, que apesar de fazer sentido (por simbolizar o lado negro da força), não agrada visualmente.

A grande verdade que muitos não querem aceitar, é que esta nova trilogia foi um fiasco. Para quem leu os livros (e caso não tenha lido, recomendo muito que leia a trilogia Thrawn, de Timothy Zahn), sabe como essa nova trilogia tinha potencial para ser muito mais do que ela foi. Optaram por encerrar o ciclo dos personagens antigos de modo deprimente, introduziram novos personagens que possuem 10% do carisma dos antigos, e ainda por cima não conseguiram criar um vilão que marcasse a nova trilogia.

Que a Disney aprenda com The Mandalorian  e dê mais espaço para "Jon Favreau's" e menos espaço para "Rian Johnson's". E que a Força esteja com a Disney+... pois ainda tem Kenobi  para estrear.


Postar um comentário

1 Comentários

  1. Na minha opinião a Disney deveria ter explorado mais o universo expandindo nessa nova trilogia como citado a trilogia Thraw é ótima tanto que o personagem acabou sendo utilizado na série rebels .
    Como fã de star Wars minha opinião é que essa nova trilogia não passou de um remake meia boca do original mas enfim que a força esteja com os próximos diretores / escritores

    ResponderExcluir

Ad Code

Responsive Advertisement