Coringa

Em 1989 Batman  fazia sua estréia nas telonas com Michael Keaton no papel do homem-morcego, e Jack Nicholson como seu maior inimigo... o Coringa. Após 19 anos, em 2008, foi a vez de Heath Ledger incorporar o vilão, em um atuação que lhe rendeu (de forma póstuma) o Oscar de Melhor Coadjuvante. Em 2016, Jared Leto foi o encarregado de assumir o vilão, em um atuação que lhe rendeu... uma enxurrada de críticas negativas, quase colocando um prego na participação (a curto prazo) do personagem em produções futuras. Porém, eis que apenas 3 anos depois (2019), no filme solo do Coringa, Joaquim Phoenix trouxe uma versão do vilão que se equipara ao trabalho de Ledger, e abre caminho para as futuras produções da DC. Mas tirando sua atuação, o filme é realmente bom?

Importante deixar uma coisa bem clara: Coringa  não é um filme de super-herói, não é um filme de ação, é um drama. Então não espere cenas de ação, explosões... nem nada do gênero, pois o filme é somente focado na psique do personagem, e em sua caminhada até se tornar o vilão que todos conhecem.

É quase de conhecimento geral que a atuação de Joaquim Phoenix em Coringa  é espetacular, tanto que ela já lhe rendeu diversos prêmios, e muito provavelmente também lhe renderá o Oscar. O ator (que é extremamente introvertido) realmente entregou 110% de si no papel, de modo que você não consegue enxerga-lo, mas unicamente o personagem. Nas cenas onde Arthur quer chorar e tem seu ataque de riso, o embate do personagem consigo mesmo é tão real, que você fica genuinamente com dó dele. Já quando Arthur veste a roupa de Coringa... ele muda, ele liberta uma "outra versão" de si, uma versão "livre", uma versão cansada de ser reprimida, e essa mudança de versão vem do talento do ator, que consegue fazer no mesmo filme, duas versões do mesmo personagem.

Tecnicamente falando, o filme é impecável. Todos os enquadramentos de câmera, coloração das cenas (repare que quando Arthur sobe as escadas, de forma melancólica, a cena é bem cinzenta; já quando ele desce as escadas como Coringa, toda a tomada é bem colorida, com efeitos de sol), a trilha sonora (na cena final, você sente a tensão crescendo pela própria trilha), a fotografia (quando ele entra no programa... com as cortinas nas cores primárias, e ele em contraluz, é uma tomada linda). Ou seja, o filme possui grandes chances de ganhar também nos prêmios técnicos.

Todd Philips (que até então era marcado por filmes de comédia como Old Schoool  e Se Beber Não Case) faz um ótimo trabalho, pois mesmo o filme sendo mais "parado" do que se possa esperar, ele consegue prender o espectador do começo ao fim. Todo o cuidado com a parte técnica (como dissemos acima), e a forma como conduziu a história (numa crescente), o tornam merecedor de uma indicação à estatueta dourada, mas tendo em vista os concorrentes deste ano, é muito improvável que vença (aliás, aqui estamos na torcida por Sam Mendes).

O filme é realmente violento, e choca o espectador no final, mas ele traz consigo uma mensagem bastante reflexiva: como temos olhado o nosso próximo?  Muitos ao nosso redor podem estar passando por dificuldades (sejam emocionais, ou não), podem estar rindo por fora quando na verdade estão chorando por dentro, e na maior parte das vezes não percebemos. Precisamos estar mais atentos e estender a mão à quem precisa.

No final, fica a pergunta... Coringa  merece o Oscar de Melhor Filme? Provavelmente não, mas nem por isso deixa de ser um ótimo filme!





Foto: Copyright: © 2019 WARNER BROS. ENTERTAINMENT INC

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